Sunday, January 16, 2011

Menina prendada ou design maker?

«(...) Em Portugal geralmente não se leva a sério uma pessoa que se dedique a tempo inteiro a fazer o que eu faço. Há respeito por artistas plásticos, escritores, músicos, mas uma pessoa como eu é considerada apenas uma "menina prendada" que se vai "entretendo" com estes devaneios domésticos. Daí que haja tanta relutância em pagar um preço justo (entendido como exorbitante) por peças feitas à mão.
Em Inglaterra há um nome para a minha ocupação: chama-se "designer-maker". (em Portugal sou o quê? não me considero uma "artesã") Há centenas de feiras, lojas e museus que expõem e vendem este tipo de criações. Tricotar ou coser não é visto como uma ocupação de avozinhas, mas sim como trabalhos de gente que se empenha e leva tudo isto a sério. Por outro lado, o nível de qualidade e profissionalismo dos "designers-makers" aqui é notável. »

Constança Cabral, Saídos da Concha, entrevistada por Sanda AQUI

2 comments:

sonia_crys50@yahoo.com.br said...

Tenho no meu convívio pessoas que amo, mas que acham que o que faço é coisa pra velhinha , que são bobagens, inutilidades. não percebem o quanto me magoam e me levam a uma depressão. Acham que qualquer centavo paga o trabalho que faço. afinal é um passa tempo! Algumas pessoas não tem o privilégio de ter o dom que todos nós, discriminados, temos e assim, tentam nos marginalizar...

Sandra Gomes said...

Olá Sónia! É muito difícil acabar com o estigma de que muito daquilo que fazemos é coisa do passado, são coisas da avózinha. Muitas coisas que sei hoje aprendi com a minha mãe, aprendi na escola, aprendi em pequenos cursos, ou seja, foi uma aprendizagem ao longo da vida. Agora, o caminho é longo e temos é de dar um ar mais contemporâneo, ou não (depende do objectivo que se pretende, até porque há gostos para tudo), aos nossos trabalhos...Também já ouvi quem dissesse: " eu sei fazer isto", mas eu pergunto " algum dia se deram ao trabalho de fazer?". E a verdade é que dá mesmo muito trabalho. Força Sónia!!!!!